Como se não bastasse o clima de insegurança que se espalha pelo País por conta do crime organizado, uma nova preocupação invade – de forma inusitada – o cenário nacional: a violência política. Os confrontos físicos entre forças políticas adversárias, ao invés do debate democrático das ideias, têm-se intensificado nos últimos dias, nos estados do Sul do País – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A gravidade é que o País está às vésperas de uma eleição presidencial e de renovação do Congresso Nacional e isso pode prenunciar um tipo de disputa inaceitável. Se tal acontecesse, significaria um retrocesso inimaginável ao tempo da República Velha (antes de 1930) quando a vida política se desenvolvia ao sabor do mandonismo político dos esquemas de poder regionais, fazendo mossa ao ordenamento jurídico constitucional.A causa de tanto passionalismo residiria no inconformismo de segmentos da sociedade local com a realização de uma caravana do ex-presidente Luís Inácio da Silva aos estados sulistas, a exemplo do que ele no Nordeste e Sudeste (aliás, uma prática repetida desde os finais dos anos 1980). Os segmentos contrariados têm todo o direito de protestar e manifestar claramente sua oposição ao ideário político, as propostas e projetos encampados pelas forças promotoras da caravana, e até denunciá-las como incompatíveis com sua visão de mundo. Afinal, vivemos sob um ordenamento jurídico fundado no pluralismo. O direito de livre manifestação é sagrado. Só que deve ser expresso dentro dos limites preconizados pela Constituição: pacificamente. As formas são várias: manifestações de rua (respeitados os espaços reservados para cada grupo político), faixas, cartazes, passeatas, caravanas, denúncias e todos os meios que preservem a integridade física e a dignidade humana do outro.Infelizmente, não é isso que tem acontecido. A violência física tem alcançado graus inimagináveis, fugindo ao padrão histórico da prática política brasileira. O direito de ir e vir foi bloqueado, assim como a liberdade de manifestação. Vídeos e fotografias de milícias armadas e agressões graves, o uso de pedras, chicotes, armas de fogo e armas brancas foram registrados. E o inconcebível: pôs-se em perigo a vida de dois ex-presidentes quando o ônibus em que viajavam teve o para-brisa coberto por ovos e pedradas, fazendo o motorista quase perder o controle do veículo e causar uma tragédia. Seja quem for o alvo isso não é concebível numa democracia. É hora de cumprir a Constituição para que tenhamos uma campanha civilizada e pacífica. O de que menos o Brasil precisa é de mais um ingrediente de selvageria: a violência política.
Fonte Blog do Eliomar de Lima
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